Prisão Emocional
- Joselisa Toigo
- 4 de fev. de 2021
- 4 min de leitura

Passar por situações contínuas de sofrimento, abuso e violência, podem nos tornar pessoas IMPOTENTES e CONFORMADAS com a dor!
Como é sua capacidade de defesa e proteção? Sente o perigo e se defende dele? Age de forma ingênua ou infantil? Ou já percebe o mal como “normal”!
Para nos ajudar com essas respostas, trago pra vocês um experimento realizado em 1960 por alguns cientistas que tentavam compreender o instinto de fuga dos seres humanos. Quando li isso no livro “Mulheres que correm com os lobos”, o qual super recomendo, não pude passar sem compartilhar uma reflexão. Até porque, é uma das situações que me deparo diariamente no consultório com meus pacientes. Tenho inclusive utilizado esse material para levá-los a reflexão e o impacto tem sido imediato. Espero de coração que isso faça sentido pra você!
“Numa das experiências, eles fizeram uma instalação elétrica na metade direita de uma grande jaula, de modo que um cão preso nela recebesse um choque cada vez que pisasse no lado direito. O cão aprendeu rapidamente a permanecer no lado esquerdo da jaula.
Em seguida, o lado esquerdo da jaula recebeu o mesmo tipo de instalação, que foi desligada no lado direito. O cão logo se reorientou, aprendendo a ficar no lado direito da jaula. Então, todo o piso da gaiola foi preparado para dar choques aleatórios, de tal modo que, onde quer que o cão estivesse parado ou deitado, ele acabaria levando um choque. Ele a princípio aparentou estar confuso e depois entrou em pânico. Finalmente, o cão desistiu e se deitou, aceitando os choques à medida que surgissem, sem tentar fugir deles ou descobrir de onde vinham.
No entanto, a experiência não estava encerrada. No próximo passo, a jaula foi aberta. Os cientistas esperavam que o cão saísse dali correndo, mas ele não fugiu. Muito embora pudesse abandonar a jaula quando bem entendesse, ele ficou ali deitado recebendo os choques aleatórios. A partir dessa experiência, os cientistas levantaram a hipótese de que, quando um animal é exposto à violência, ele apresentará a tendência a se adaptar a essa perturbação, de tal forma que, quando a violência para ou ele tem acesso à liberdade, o instinto saudável de fugir é extremamente reduzido, e em vez de escapar o animal fica paralisado.”(p.280)
E foi essa trivialização da violência que os cientistas chamaram de “aprendizado da impotência”. Nos faz pensar o porque as pessoas se submetem a ficar com parceiros que os desrespeitam, os diminuem e humilham; a se acostumarem com padrões exploradores e agressivos. Sem reação nenhuma, se sentem incapazes ou impotentes para reagirem em sua defesa. Abrem mão de seus valores, sonhos, projetos, estilo, para não causar perturbação neste sistema que está formado, mesmo que extremamente doentio.
São vários os motivos que nos mantém na jaula aberta. Cabe a você pensar nos seus, mesmo que ainda não se sinta capaz de sair. Você pode ter se habituado a dor e não está se dando conta disso! Como se sofrer fizesse parte da vida e tudo bem. Numa zona de aceitação e conformismo. Ou você se percebe na jaula mas sem recursos para sair dela. O medo então lhe aprisiona e lhe limita à ação. Se esse for seu caso, precisa ir com calma. Comece espiando como é fora da jaula. Depois imaginando como seria sua vida ali. Vai saindo dela aos poucos, no seu tempo, se descobrindo nesta nova realidade. Não se preocupe se não souber como fazer ou como agir nas novas situações. O fato de realmente decidir sair da prisão lhe dará forças para sair e aprender tudo o que precisa sobre si e o mundo, já que nunca fez isso antes
Outro motivo que pode lhe manter ali é sua ingenuidade diante do perigo. Não se trata de enxergar a maldade em tudo, mas também não precisa negá-la. É importante lembrar que o mal existe sim e precisa ficar ligado para não ser pego de surpresa. A ingenuidade pode lhe colocar em grandes armadilhas! Ou então, o pensamento mágico de que está tudo bem, e ficar justificando a maldade do outro com mil alternativas de defesa para o agressor, deixando de lado o respeito a sim mesmo! Fazer de conta que está tudo bem e ficar ali levando choques!
Saiba que nunca ninguém vai respeitar você antes de você mesmo. Ninguém poderá tirá-lo da jaula sem que antes, você queira muito isso! Você precisa de você! Precisa se salvar! Se cuidar e se proteger acima de tudo! Pare de ouvir o que os outros pensam sobre você, não passa de uma mera opinião, e ouça mais a sua alma, ela sim sabe!
Ninguém sai da jaula que não seja de forma amorosa consigo mesma. Não tem como arrancar esse cachorro a força da jaula, ele irá morder, atacar, pois está em estado constante de alerta e medo, sofreu demais! Precisa ganhar a confiança! Ir aos poucos sendo conquistado, acariciado, amado, cuidado, protegido. Daí sim! Ele consegue! E sabe porquê? Porque aquela não é sua essência, sua alma, é somente um estado, e poderá ser liberto! Confie e ame!



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